É SÓ UMA QUESTÃO DE TEMPO,
COM RAQUEL LIMA
Previsão de Temperatura e Precipitação para o Mês de Janeiro de 2025
Por Raquel Lima
Este texto é uma análise dos mapas de previsão de temperatura média, precipitação total e de suas anomalias para o mês de janeiro de 2025.
É importante lembrar que chamamos de “anomalia” a diferença entre o valor da variável e o valor médio histórico desta variável; assim, as anomalias aqui apresentadas são os valores previstos subtraídos da normal climatológica. Anomalias positivas indicam temperaturas e precipitação previstas acima da média, enquanto anomalias negativas indicam temperaturas e precipitação previstas abaixo da média.
Normais climatológicas, conforme definição da OMM (Organização meteorológica Mundial, órgão vinculado à ONU – Organização das Nações Unidas) são “valores médios calculados para um período relativamente longo e uniforme, compreendendo no mínimo três décadas consecutivas”.
Os mapas utilizados nesta análise foram gerados pelo INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) e são acessíveis no site da instituição (https://portal.inmet.gov.br/) no mês de dezembro de 2024.
Temperatura Média e Anomalia de Temperatura
Conforme observamos no mapa de temperaturas médias previstas para o mês de janeiro de 2025, as temperaturas médias devem variar entre 17,5 °C e 30 °C, predominando temperaturas médias entre 25 °C e 27,5 °C.
Na Região Norte há previsão de temperaturas médias de 22,5 °C a 30 °C, com predomínio de temperaturas médias entre 25 °C e 27,5 °C. As temperaturas médias mais baixas, entre 22,5 °C e 25 °C estão previstas ocorrer no sudeste de Rondônia e as temperaturas médias mais altas, entre 27,5 °C e 30 °C, estão previstas para o norte e leste do Amazonas, noroeste e centro do Pará, e centro-norte de Roraima.
Na Região Nordeste as temperaturas médias para o mês de janeiro de 2025 estão previstas entre 20 °C e 30 °C, com as menores médias, entre 20 °C e 22,5 °C, previstas para o interior da Bahia e norte do Ceará (próximo à capital, Fortaleza), enquanto as temperaturas médias mais altas, entre 27,5 °C e 30 °C, estão previstas para o centro-norte do Maranhão, centro-norte e sul do Piauí, maior parte do Ceará, centro-oeste do Rio Grande do Norte, noroeste e litoral da Paraíba, divisa dos estados de Pernambuco e Bahia, sul de Alagoas e norte do Sergipe.
As temperaturas médias previstas para a Região Centro-Oeste variam entre 20 °C e 30 °C, com predomínio de médias entre 25 °C e 27,5 °C. As temperaturas médias mais baixas, entre 20 °C e 22,5 °C, estão previstas para o oeste do Distrito Federal e adjacências, e as temperaturas médias mais altas, entre 27,5 °C e 30 °C, estão previstas para o sudoeste do Mato Grosso e oeste do Mato Grosso do Sul.
Na Região Sudeste as temperaturas médias são previstas entre 17,5 °C e 30 °C, sendo as temperaturas médias mais baixas, entre 17,5 °C e 20 °C, previstas para a Serra da Mantiqueira, na divisa de Minas Gerais e São Paulo, e as mais altas, entre 27,5 °C e 30 °C, estão previstas para o extremo leste do estado do Rio de Janeiro, sul do Espírito Santo e leste de Minas Gerais (próximo à região de São Geraldo do Baixio).
Na Região Sul as temperaturas médias estão previstas entre 17,5 °C e 27,5 °C, com as menores temperaturas médias, entre 17,5 °C e 20 °C, previstas para as serras gaúcha e catarinense (na divisa dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e as temperaturas médias mais altas, entre 25 °C e 27,5 °C, previstas para o limite oeste dos estados da região, para o litoral do Paraná, litoral norte de Santa Catarina e a região de Laguna (no mesmo estado), e para os arredores da Lagoa dos Patos (RS) em sua porção centro-norte.


Mapas de distribuição de temperatura prevista e anomalia de temperatura prevista para o mês de janeiro de 2025, gerados em dezembro de 2024. No mapa de anomalias de temperatura os tons entre amarelo e marrom indicam anomalias positivas (temperaturas previstas mais altas que a média), os tons de azul indicam anomalias negativas (temperaturas previstas mais baixas que a média) e as áreas em cinza indicam "normalidade" (temperaturas próximas à média).
Ao analisar o mapa de anomalias de temperatura previstas para janeiro de 2025, observamos que estas variam entre -0,6 °C e 1,5 °C com predomínio de anomalias entre 0,6 °C e 1 °C.
Na Região Norte observamos que as anomalias de temperatura previstas variam entre -0,4 °C °C e 1,5 °C, e predomina a previsão de anomalias entre 0,4 °C e 1 °C. As menores anomalias previstas, entre -0,4 °C e -0,2 °C, devem ocorrer no estremo oeste do Acre e sudoeste do Amazonas, e as maiores anomalias previstas, entre 1 °C e 1,5 °C, são previstas ocorrer no nordeste e centro do Tocantins.
Na Região Nordeste as anomalias de temperatura estão previstas entre -0,6 °C e 1,5 °C, com a maior parte da região com previsão de anomalias entre 0,6 °C e 1 °C. As menores anomalias,entre -0,6 °C e –0,4 °C, estão previstas para o interior da Bahia, na região próxima à Vitória da Conquista, e as anomalias mais elevadas, entre 1 °C e 1,5 °C, estão previstas ocorrer no centro e sudoeste do Maranhão, centro e sul do Piauí, sudoeste de Pernambuco e interior e norte da Bahia.
Na Região Centro-Oeste há previsão de anomalias de temperatura entre 0,2 °c e 1,5 °C, com maior parte da região com anomalias previstas entre 0,6 °C e 1 °C. As menores anomalias, entre 0,2 °C e 0,4 °C, estão previstas ocorrer no oeste de Goiás (próximo a Araguapaz), no oeste do Mato Grosso (próximo a Campo Novo do Parecis) e na divisa dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, enquanto as maiores anomalias previstas, entre 1 °C e 1,5 °C, está prevista ocorrer no sudoeste do Mato Grosso do Sul.
Para a Região Sudeste são previstas anomalias de temperatura entre -0,2 °C e 1,5 °C, predominando anomalias entre 0,6 °C e 1 °C. As menores anomalias, entre -0,2 °C e 0,2 °C, que indicam normalidade, estão previstas para a maior parte do estado de Espírito Santo e interior do estado do Rio de Janeiro, enquanto as áreas com anomalias entre 1 °C e 1,5 °C, as maiores anomalias previstas para a região, estão previstas para o nordeste de Minas Gerais (próximo a Padre Paraíso) e no nordeste do estado de São Paulo (próximo a Piracaia).
Na Região Sul há previsão de anomalias de temperatura entre -0,4 °C e 1 °C, predominando áreas de normalidade (anomalias entre -0,2 °c e 0,2 °C) e de anomalias entre 0,2 °C e 0,4 °C. As menores anomalias de temperatura previstas para a região, entre -0,4 °C e -0,2 °C, devem ocorrer no extremo sudoeste de Rio Grande do Sul (próximo a Uruguaiana) e as maiores anomalias, entre 0,6 °C e 1 °C, estão previstas para a divisa leste dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e para a porção centro-norte do Paraná.
Precipitação Total e Anomalias de Precipitação
De acordo com o mapa de distribuição da precipitação total prevista para o mês de janeiro de 2025, as chuvas podem chegar a 430 mm (média de 13,8 mm de chuva por dia), com a maior parte do país com previsão de precipitação acumulada acima de 200 mm (média de 6,4 mm de chuva por dia).
Na Região Norte estão previstos os extremos do país; o menor acumulado de precipitação, abaixo de 20 mm (0,6 mm por dia, em média), no extremo norte de Roraima, e o maior, entre 400 mm e 430 mm (média de 12,9 mm a 13,9 mm por dia) no nordeste da Ilha de Marajó, no Pará.
Na Região Nordeste predominam acumulados abaixo de 200 mm (média de 6,4 mm de chuva por dia); os maiores acumulados de chuva, entre 300 mm e 330 mm (9,7 mm a 10,6 mm de chuva por dia, em média) estão previstos ocorrer no oeste e no sudoeste do Maranhão, enquanto os menores acumulados de chuva, entre 20 mm e 40 mm (média diária de 0,6 mm e 1,3 mm de chuva) estão previstos para a divisa leste dos estados de Pernambuco e Paraíba.
Na Região Centro-Oeste a previsão de previsão de precipitação acumulada varia entre 100 mm (média de 3,2 mm por dia) e 400 mm (12,9 mm de média diária), com predomínio de precipitação acumulada acima de 230 mm (em média, 7,4 mm por dia). Os menores acumulados, entre 100 mm e 130 mm (médias diárias entre 3,2 mm e 4,2 mm) estão previstos para o extremo oeste do Mato Grosso do Sul, enquanto os maiores acumulados, entre 360 mm e 400 mm (média de 11,6 mm e 12,9 mm por dia) estão previstos para o interior do Mato Grosso.
Na Região Sudeste os acumulados de precipitação estão previstos variar entre 80 mm e 360 mm (médias diárias entre 2,6 mm e 11,6 mm) com predomínio de precipitação acumulada acima de 200 mm (6,4 mm ao dia, em média). Os menores acumulados previstos, entre 80 mm e 100 mm (2,6 mm a 3,2 mm de média diária) estão previstos para o norte de Minas Gerais e leste do Espírito Santo, enquanto os maiores acumulados de chuva, entre 330 mm e 360 mm (média de 10,6 mm a 11,6 mm de chuva por dia) estão previstos para o sudeste de Minas Gerais e interior de São Paulo (próximo a Rio Claro).
A precipitação acumulada prevista para a Região Sul varia entre 60 mm e 360 mm (médias diárias de 1,9 mm e 11,6 mm). Os menores acumulados de precipitação prevista, entre 60 mm e 80 mm (1,9 mm a 2,6 mm por dia, em média) devem ocorrer no extremo sul do Rio Grande do Sul, e os maiores acumulados, entre 330 mm e 360 mm (média de 10,6 mm a 11,6 mm de chuva diária), estão previstos para o litoral do Paraná.


Mapas de distribuição de precipitação total prevista e anomalia de precipitação prevista para o mês de janeiro de 2025, gerados em dezembro de 2024. No mapa de anomalias de precipitação os tons de azul indicam anomalias positivas (chuvas previstas mais altas que a média), os tons entre amarelo e vermelho indicam anomalias negativas (chuvas previstas mais baixas que a média) e as áreas em cinza indicam "normalidade" (temperaturas próximas à média).
Analisando o mapa de previsão de anomalias de precipitação para o mês de janeiro de 2025 verificamos que há perspectiva de precipitação até 150 mm abaixo da média (anomalias negativas) e até 150 mm acima da média (anomalias positivas).
Podemos observar ao analisar a Região Norte, que há áreas significativas de normalidade (anomalias de precipitação pouco significativas, entre -10 mm e 10 mm). As maiores anomalias, entre 150 mm de chuva acima da média, devem ocorrer no norte do Amazonas, na região do Pico da Neblina, e as anomalias negativas mais significativas, com chuvas até 150 mm abaixo da média, estão previstas para o nordeste da Ilha de Marajó, no Pará, e para o sul do Tocantins.
Na Região Nordeste observamos previsão de anomalias de precipitação entre 50 mm abaixo da média e 150 mm acima da média, com a maior parte da região com previsão de normalidade ou chuvas acima da média. Podemos notar a distribuição das anomalias positivas, com máximo na região de Fortaleza-CE (entre 75 mm e 150 mm de chuva acima da média), nas áreas costeiras do Maranhão até a Bahia, além do centro-sul do Maranhão e centro-norte do Piauí. As menores anomalias estão previstas para a região central do Maranhão, quase todo o contorno continental da Bahia e extremo oeste de Pernambuco.
A previsão de anomalias de precipitação para a Região Centro-Oeste varia entre 150 mm menos chuva e 150 mm mais chuva que a média; as anomalias positivas mais significativas, entre 75 mm e 150 mm mais chuva que a média, estão previstas para o interior do Mato Grosso (próximo ao Parque do Xingu) e as anomalias negativas mais intensas, de 75 mm a 150 mm abaixo da média, estão previstas para o norte de Goiás, na divisa com o Tocantins.
Na Região Sudeste as anomalias de precipitação previstas variam entre 75 mm abaixo da média e 150 mm acima da média, com predomínio de anomalias negativas (chuvas abaixo da média). As anomalias negativas mais significativas, entre 50 mm e 75 mm abaixo da média, estão previstas para o interior de Minas Gerais (duas áreas; uma próxima a Montes Claros e outra próxima a Belo Horizonte), enquanto as anomalias positivas mais significativas, entre 75 mm e 150 mm acima da média, estão previstas para o interior do estado de São Paulo (próximo a Piracicaba).
Para a Região Sul a previsão é de predomínio de chuvas acima da média, variando entre 50 mm abaixo da média no centro-sul do Rio Grande do Sul e até 75 mm no norte do Paraná (próximo a Londrina).
Discussão
A distribuição da precipitação sugere a atuação da alta subtropical do Atlântico sul (ASAS) influenciando as chuvas nas regiões Nordeste, Norte, Sudeste e Centro-Oeste, de zonas de convergência do Atlântico sul (ZCAS) organizando a precipitação sobre as regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, e frentes frias influenciando as chuvas na região Sul e no sul das regiões Centro-Oeste e Sudeste. Porém, observamos que, de uma maneira geral, há pouca influência da distribuição de chuvas nas temperaturas ou em suas anomalias.
A ASAS é um centro de alta pressão; portanto, um “inibidor” de formação de nuvens de chuva forte ou tempestades. Porém, com sua circulação anti-horária, sua porção norte favorece o transporte de umidade do mar para o continente que, juntamente com a brisa marítima, favorece a formação de chuvas na faixa costeira da Região Nordeste, o que pode justificar a previsão de chuvas mais intensas que a média na costa leste desta Região.
Em contrapartida, o flanco sul da ASAS além de transportar ar mais seco do interior do continente em direção à costa, limita o avanço das frentes frias sobre a Região Sudeste, mantendo condições mais secas para o Espírito Santo, norte de Minas Gerais e sul da Bahia.
As chuvas sobre o Maranhão e oeste do Piauí, Tocantins, Goiás, sul de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro são influenciadas pelo limite geográfico da atuação da estabilidade da ASAS.
A ZCAS, que é uma área de transporte de umidade da Região Norte para as regiões Sul e Sudeste, organiza a precipitação no interior do Brasil. Das previsões para o mês de janeiro de 2025 concluímos que, embora as precipitações associadas a este sistema sejam significativas, as anomalias de precipitação variam bastante em sua área de atuação e, apesar das chuvas, as temperaturas devem permanecer mais altas que a média.
As frentes frias, que são áreas de interseção entre massas de ar de características diferentes,, devem ser as principais causadoras das precipitações na Região Sul e, junto à ZCAS, deve ser a causa das chuvas acima da média nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Porém, mesmo nesses estados, as chuvas não amenizarão as temperaturas, que estão previstas acima da média.
Agradeço ao INMET pela disponibilização dos mapas e gráficos utilizados nesta análise.